sábado, 11 de junho de 2011

Festa do Divino: fé, tradição e cultura

Por Rubens Pereira

Reunindo fé, tradição e cultura, a festa do Divino Espírito Santo todos os anos mobiliza uma multidão de devotos e se mantém viva ainda hoje, em vários Estados brasileiros. O culto ao Divino propõe reflexão sobre a fé, a solidariedade e a vida em comunidade.  Na religião católica o Espírito Santo é parte da Santíssima Trindade, ao lado de Deus Pai e de seu Filho Jesus, e se manifesta como uma pomba branca. Está também relacionado às comemorações do fim do ciclo agrícola, época festiva da colheita de cereais, e remete à celebração judaica de Pentecostes, quando se ofertavam os primeiros frutos da colheita ao Espírito Santo.
Originou-se em Portugal, por volta do século XIV. A devoção se difundiu rapidamente e tornou-se uma das mais intensas e populares em Portugal. Chegou aqui no Brasil com os primeiros colonizadores e há documentos que afirmam sua realização em diversas localidades brasileiras desde os séculos XVII e XVIII. Portanto, celebra-se há mais de trezentos anos e se mantém viva ainda hoje em várias regiões. O dia do Divino Espírito Santo que, segundo os católicos, é a terceira pessoa da Santíssima Trindade, é comemorado cinqüenta dias após a Páscoa, encerrando o tempo pascal.

Em Mogi das Cruzes, acontece uma das mais animadas festas do Divino Espírito Santo. São os devotos que mantêm a tradição, passada de pai para filho, tornando-se o maior evento folclórico-religioso de todo o Alto Tietê. São dez dias de festa, com muitas celebrações religiosas e manifestações de fé e devoção.
Ocorrem inúmeras celebrações ocorrem, divididas em parte religiosas: abertura e benção do Império, benção das bandeiras, hasteamento e levantamento do mastro, novenas diárias, procissões, missas festivas e a folclórica, como: passeata das bandeiras e quermesse, onde todos os dias há shows, com apresentação de grupos e conjuntos sertanejos, congada e moçambique.
A Alvorada sai todos os dias do Império, entoando cantos próprios, com lampiões nas mãos e percorre as ruas centrais da cidade, implorando suas bênçãos à população e em seguida é servido um tradicional café.
Ainda tem o afogado que servem todos os dias na quermesse. É uma comida que vem da época da escravidão, com carne de segunda, como a feijoada. Quando Mogi das Cruzes ainda era uma cidade pequena no século 18, o pessoal vinha da roça para participar da festa. Era costume do dono da festa dar alimento aos visitantes. Como vinha muita gente, fazia um cozido de carne com batata, verduras e legumes. Acabou virando tradição.
As carnes, verduras e legumes ficavam boiando na água  e pareciam estar se "afogando".
Um dos pontos altos da festividade é a entrada dos Palmitos que é um tradicional cortejo pelas ruas centrais que relembra a população rural, vindo participar da festa e agradecer as colheitas bem sucedidas. Mobiliza muita gente dentre eles, os antigos e atuais festeiros, carros de bois enfeitados, grupos folclóricos, devotos com bandeiras, bandas de músicas, charretes, cavaleiros, escolas e grupos de catequeses.
Cabe a cada um de nós, devotos ou não, mas que valorize a tradição, cultura, participarmos e difundirmos o evento, a fim de fazer com que esse momento de tamanha mobilização popular, continue perpetuando para as futuras gerações.

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